IBGE indica que Santa Maria de Jetibá é o maior produtor de ovos do Brasil

IBGE indica que Santa Maria de Jetibá é o maior produtor de ovos do Brasil

Dados do Censo Agropecuário 2017 aponta que Bastos (SP) está em segundo lugar em produção de ovos e que Primavera do Leste (MT) está em terceiro.

POLOS DO OVO

outubro 11, 2018

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Algo que já alimentava comentários na avicultura de postura brasileira nos últimos meses foi confirmado pelos números do Censo Agropecuário de 2017, realizado pelo IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: o município capixaba de Santa Maria de Jetibá ultrapassou Bastos em número de produção de ovos. A primeira notícia a ser divulgada foi pelo Broadcast Agro do jornal O Estado de São Paulo, cravando a informação no dia 27 de setembro: “Santa Maria de Jetibá (ES) foi o município com o maior valor de produção em 2017, R$931,3 milhões, sendo 95,3% provenientes da venda de ovos de galinha. Bastos (SP) apareceu na segunda posição, com R$841,8 milhões, 96,2% correspondentes também à venda de ovos de galinha”. 

Maiores detalhes viriam no dia 28 de setembro em matéria do Valor Econômico, mais importante jornal especializado em economia do país: “Com base em uma nova base cadastral de granjas do país, atualizada pelo Censo Agropecuário de 2017, o IBGE estimou que a produção nacional de ovos somou 4,2 bilhões de dúzias em 2017, 11,6% mais que no ano anterior, e gerou renda de R$13,5 bilhões. De acordo com o órgão, o último censo identificou "novas granjas com grande capacidade de alojamento e de produção de ovos", e essas granjas foram as grandes responsáveis pela alta da estimativa de produção. (...) A pesquisa mostrou um novo ‘campeão’ de produção de ovos de galinha no país: Santa Maria de Jetibá (ES), que superou Bastos (SP). Segundo o instituto, o alto nível tecnológico empregado na produção e o apoio de cooperativas são fatores que influenciaram o avanço do município capixaba no ranking.”

O Valor Econômico informou ainda que os dados do IBGE apontaram que “o total de galináceos (frangos, frangas, galinhas, galos, pintos) atingiu 1,4 bilhão de cabeças no ano passado no país, crescimento de 6% na comparação ao ano anterior”. Em sua detalhada matéria sobre os números da produção animal no novo Censo Agropecuário, o Valor entrevistou Mariana Oliveira, analista da pesquisa do IBGE. Ela declarou ao jornal que, em relação à avicultura, o desempenho reflete o aumento de demanda da população por proteínas mais acessíveis, e como a safra de milho - base da ração das aves -, foi recorde em 2017, os custos diminuíram, estimulando a produção.

A notícia do crescimento da produção de Santa Maria de Jetibá não poderia ser mais feliz para o próspero município, incrustrado na região serrana do Espírito Santo. A avicultura começou por lá em 1964, com o produtor Erasmo Berger, então um recém-formado técnico no Rio de Janeiro, que voltou à terra natal com 500 pintinhos. Passados 54 anos, o plantel que faz a força da avicultura local já chega a mais de 17 milhões de cabeças, numa produção – sempre de acordo com o IBGE – de 340.012 milhões de dúzias de ovos (veja quadros com dados oficiais no final da reportagem). 

Segundo o levantamento da Pesquisa de Pecuária Municipal (PPM) feito pelo IBGE, a cidade capixaba ocupava em 2016 a segunda colocação em produção de ovos, com 250,4 milhões de dúzias. O município de Bastos estava à frente por pouco, com uma produção de 250,5 milhões. O Censo de 2017 apontou a expressiva expansão de Santa Maria de Jetibá em um ano: o município atingiu 340,0 milhões de dúzias de ovos, enquanto Bastos (SP) produziu 286,0 milhões de dúzias no mesmo período. Em terceiro lugar, Primavera do Leste (MT) saiu de 76,9 para 81,2 milhões.

Nelio Hand, diretor executivo da Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES), comenta que os dados comprovam o crescimento da postura capixaba que, segundo ele, entre 2006 e 2017, aumentou 174%. “Esse é um índice muito acima da média nacional e dos principais estados produtores. Um resultado que mostra não só a pujança de um setor organizado, mas a luta diária de todos os envolvidos no grande complexo do agronegócio. São dados de orgulho para o setor e toda a sociedade capixaba. Eles refletem a coragem e a persistência de uma cadeia que luta em muitos momentos contra situações negativas", ressalta.

Setor convive com desafios

Nélio Hand comemora o avanço na produção estadual, mas também avalia que é preciso atenção frente aos desafios, entre os quais estão a burocracia, a logística precária, o excesso de legislações e a falta de capacidade de muitas instituições regulamentadoras em acompanhar a dinâmica do setor; tudo isso é muito negativo e pode acabar levando a uma estagnação na produção.

O executivo afirma, ainda, que esse potencial poderia ser maximizado se, em várias vertentes, houvesse maior participação e entendimento do poder público sobre a importância da atividade. “Temos recebido, sim, atenção nos últimos tempos mas, se for verificada sob o ponto de vista de outras unidades da federação, essa atenção está muito aquém do que se vê em outros estados. Precisamos da atenção de nossas autoridades proporcionalmente a esse crescimento, para que possamos ter um crescimento sustentável e continuar gerando emprego e renda a muitos”, argumenta.

Procurada pela reportagem da A Hora do Ovo, a diretoria do Sindicato Rural de Bastos, que integra produtores de ovos de toda a microrregião do município paulista - responsável desde os anos 1960 pela maior produção de ovos do Brasil - ainda não se manifestou.

Saiba mais sobre a avicultura do Espírito Santo no perfil disponível no site da AVES, a Associação dos Avicultores do Espírito Santo: PERFIL DA AVICULTURA CAPIXABA 2017/2018.

Pesquisa confiável

Marcílio Felippe, técnico de estudos e pesquisas do escritório do IBGE em Tupã, na região de Bastos, explicou à A Hora do Ovoque os dados divulgados no dia 27 de setembro são ainda considerados preliminares, pois há sempre um criterioso processo de conferência dos dados. Porém, já refletem a realidade da produção agropecuária brasileira. “Os dados ainda serão confrontados com parâmetros de nossas pesquisas trimestrais, que são aquelas que fazemos ao longo de todos os anos para acompanhar a produção em cada região”, explicou.

Atuando com uma equipe de 32 pessoas entre supervisores e recenseadores treinados para atuar nas pesquisas em campo, Marcílio Felippe explica que o IBGE aprimorou muito o trabalho de recenseamento nesta última rodada de pesquisas, feitas com recenseadores munidos de PDAs, um tipo de computador portátil com capacidade para armazenar dados das pesquisas e que auxilia na localização das propriedades rurais, garantindo que nenhuma fique fora do radar do instituto. “Esse censo agropecuário de 2017 foi especialmente bem feito, com todo o sistema programado rodando perfeitamente. Podemos garantir que os dados são bastante confiáveis”, assegura.

O escritório do IBGE de Tupã repassou à A Hora do Ovo alguns dos primeiros dados comparativos das produções de ovos em Santa Maria de Jetibá (ES) e de Bastos (SP) e região.

(A Hora do Ovo)

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